sábado, outubro 23, 2004
sexta-feira, outubro 22, 2004
quarta-feira, outubro 20, 2004
terça-feira, outubro 19, 2004
cabreira
Serra de rara beleza, paralela ao Geres. É nesta serra que nasce o rio Ave. Este rio tem uma lenda, que Gentil Martins perpetuou ao escrevê-la :
"Diz-se que certo dia, chegou ali, à Serra de Agra, uma moça pastora vinda dos lados da Galiza. Desenvolta, jovem e bonita (sem ligar a fronteiras que praticamente não existiam) deixou-se ficar com o seu rebanho de cabras, na moldura da paisagem que a encantava.
E foi assim (reza a Lenda remota) que a descobriu um cavaleiro de nobre porte, numa manhã de sol em que andavam caçadores pelas redondezas. O cavaleiro quedou-se como que deslumbrado diante da moça pastora e cumprimentou-a ternamente: - Bom dia linda cabreira... - Tens a luz do sol no teu olhar! Ela sorriu enleada e respondeu com voz ligeiramente trémula:
- É dos vossos olhos, Senhor...
- Eu não valho o vosso madrigal...
Mas já o cavaleiro fizera sinal aos seus companheiros para que se afastassem e desmontou devagar, com um sorriso de promessas.
- Ouve linda Cabreira...Por ti, e só por ti, vou abandonar a caçada e ficar neste local...para te adorar!
Assim, começou mais um romance de Amor, que durou horas, dias, talvez semanas... Cavaleiro e Donzela trocaram as suas juras, como se só eles existissem no Mundo, ali, os dois sozinhos, recolhidos num recanto paradisíaco da Serra da Agra. (...) continua nas imagens seguintes
segunda-feira, outubro 18, 2004
rio Ave
O rio límpido, onde a poluição não mora...
(...)Mas tudo tem um fim, diz o Povo e é verdade. Em certo momento o Cavaleiro lembrou-se que tinha de partir. Obrigações importantes esperavam-no, decerto.
- Escuta, minha bem amada... - Eu vou, mas voltarei o mais rapidamente possível. Já não posso viver sem ti!
Triste, suspirando, ela apenas confessou:
- Nem sequer sei quem sois...
- Como vos chamais...
Ele riu, dominador, feliz.
- Pouco importa...Sou o homem que tu amas e te ama...
- Mas se queres saber mais, digo-te que sou o Conde de uma Vila próxima e que virei buscar-te em breve para o meu Palácio.
- Espera por mim!
Como numa jura ela prometeu:
- Esperarei até ao fim da minha vida!
E esperou, na verdade, até se sentir quase morta de fome e de cansaço e de frio e de desilusão, também
- Preciso de o encontrar, de o encontrar de novo...nem que para isso tenha de ser ave e voar.. (...) continua
Rio Ave
Rio que nasce na Serra da Cabreira, concelho de Vieira do Minho e desagua em Vila do Conde.
(...) E chorou. Chorou tanto, tanto que o caudal das suas lágrimas se transformou depois num Rio e esse Rio foi banhar a Terra daquele que a abandonara - VILA DO CONDE.
E o bom Povo quis perpetuar para sempre, com toda a justiça, o amor destidoso da moça pastora.Por isso deu à Serra da Agra, onde ela vivera a sua paixão o nome de SERRA DA CABREIRA e já que ela queria ser ave e voar, passou a chamar ao Rio da Vila do Conde o RIO AVE...»
domingo, outubro 17, 2004
sábado, outubro 16, 2004
domingo, outubro 10, 2004
A FEIRA DA LADRA
Tem uma feira anual todos os primeiros sábados de Outubro,"A feira da Ladra". Não é uma feira de antiguidades, mas uma feira onde abunda o artesanato. Era nesta feira que antigamente o povo do concelho se abastecia de mantas e cobertores da serra, chancas e toda a indumentária necessária ao inverno que se adivinha frio e branco.
Mas, Feira da ladra porquê?!
Há muitas versões para este nome. Mas a que me parece mais credível associa-se á época do ano. Tempo de vindimas, latadas altas de difícil acesso.
Na zona há (ou havia) um utensílio que dá pelo nome de "ladra" - um pau longo, cortado longitudinalmente numa das pontas. Pau cujo corte longitudinal era habilmente encaixado no trepo do cacho de uvas e rodado até que este se desapegasse da vide - assim se comiam uvas alheias sem correr o risco de ser visto. Os tempos eram difíceis, as pessoas deslocavam-se a pé vindas do cume da serra (Espindo, Campos, Lamalonga, Ruivães…), empunhando um pau que ajudava a percorrer a distância como apoio e a manter o estômago aconchegado, nessas invasões ao alheio. Há quem dê como razão este facto á palavra "ladra" que precede a feira.
Verdade ou não, fica pelo menos a curiosidade do utensílio que não vejo há muitos anos e que também usei nas minhas brincadeiras lambonas.
terça-feira, outubro 05, 2004
pontedemisarela
ou ponte do diabo.
Conta a lenda...
continuação(...)
...Acrescenta a lenda que, radicado nas populações circunvizinhas o carácter sagrado da Ponte da Misarela, passou a ser hábito que, quando uma mulher não levava os filhos a cabo - ou seja, quando algo ia mal na gravidez -, se dirigisse à Ponte e debaixo dela pernoitasse, na expectativa de ajuda celeste para o seu problema. Na sequência da operação, estava estabelecido que a primeira pessoa que atravessasse a Ponte no dia seguinte teria que ser padrinho ou madrinha da criança, à qual seria posto o nome de Gervásio, se rapaz viesse ao mundo, ou de Senhorinha, se de rapariga se tratasse. E isto para que, por obra e graça do pré-baptismo, a mulher tivesse um bom sucesso na sua gravidez... " Lenda da Ponte da Misarela.
Ponte de Misarela
Ponte do Diabo
..."Conta, então, a lenda que, sabe-se lá quando, um desgraçado criminoso, tentando escapar-se ao longo braço da justiça, acabou por ver-se encurralado, em desespero, nos penhascos sobranceiros ao rio Rabagão. É natural e comum que, em tão adversas circunstâncias, se apele à intervenção divina, mas, talvez porque fosse excessivo o peso dos pecados na consciência, o foragido optou por convocar o diabo, que está sempre atento a estes lances para deles sacar proveito. Assim, foi instantânea a aparição do mafarrico, que não esteve com meias medidas na chantagem do costume: "Salvo-te, pois claro, se me deres a alma em troca". E que importância tem a alma, quando é o corpinho que está com problemas?
Aceitou o celerado a oferta e, logo ali, com o poder que se lhe reconhece, o diabo, enquanto esfregava um olho, fez aparecer uma ponte ligando as margens do rio. Sem olhar para trás, o perseguido atravessou para a outra margem, após o que, sujeito de palavra, o demónio fez desaparecer a ponte, assim travando a perseguição das autoridades.
Retomou o maligno às suas infernais instalações com a alma do desgraçado, mas o assunto não se ficava por ali. Salvo o corpo mas perdida a alma, viria o criminoso arrepender-se da permuta, pelo que decidiu procurar um frade - conhecido na região por viver em estado de santidade - e contar-lhe o sucedido. "Pecado, meu filho, terrível pecado!", conjecturou, supõe-se, o santo homem, passando, de pronto, ao conselho prático: "Vais outra vez ao lugar junto ao rio e voltas a chamar o Diabo, tomando a pedir-lhe ajuda para a travessia. E deixa o resto comigo".
Assim foi feito. O desalmado chama, o cornudo aparece e, com assinalável espírito de colaboração e não menos louvável desinteresse - a'alma do outro já lá cantava -, satisfaz o pedido: a ponte salvadora reaparece. O homem começa a atravessá-la, mas, quando ia a meio, aparece na outra extremidade o frade magano, que rapa da água benta e asperge com largos gestos. Fica benzida a ponte, que permanece no sítio, esfuma-se o mafarrico e o penitente recupera a alma perdida. Consumava-se a vitória do Bem sobre o Mal, mas ficava, ainda, mais que contar.